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O SABOROSO FRUTO DA TREBESCHI


O SABOROSO FRUTO DA TREBESCHI

Empresa mineira que se tornou uma das maiores produtoras e comercializadoras de tomates do País aposta na variedade sweet grape para crescer no mercado

Tomate, né? A genética japonesa tornou a variedade mais doce e firme

De longe, um corredor estreito, onde as paredes são feitas de plantas altas, que se enrolam e se espalham por todo o ambiente em ramos com flores e cachos. Delas, brotam pequeninas frutas que, ao ficarem maduras, são de um vermelho tão caloroso e hipnotizante que é quase impossível resistir à tentação de roubar uma delas do pé. A primeira impressão de quem entra ali é a de estar percorrendo um labirinto mágico, daqueles dignos do filme Alice no País das Maravilhas. Mas não. Trata-se de uma estufa de 1.260 metros quadrados, onde estão aproximadamente 2.500 pés de tomate sweet grape, uma variedade cuja genética japonesa tornou o pequeno fruto menos ácido que o tomate convencional e com sabor bastante adocicado.

“Vamos incrementar em 25% as vendas de tomates especiais nos próximos anos” Edson Trebeschi, fundador e proprietário da Trebeschi Tomates.

Dentro do lugar, encontramos Edson Trebeschi, olhando cuidadosamente para as plantas. Ele é o fundador da empresa Trebeschi Tomates, que vem apostando na produção e comercialização da nova variedade do fruto para ganhar cada vez mais mercado. “Além de novo no Brasil, ele é rico em vitaminas A e C, e agrada a públicos de todas as idades pelo sabor e praticidade de consumo”, explica o empresário, que pretende aumentar em 25% a comercialização de tomates especiais nos próximos anos.

A trajetória de Trebeschi como dono de uma das maiores processadoras e comercializadoras de tomate do País começou em 1994, quando ele, trabalhando para a CooperCotia, cooperativa da região, fechou suas portas. “Vi que os produtores precisavam de ajuda e que era possível continuar o trabalho que fazíamos na Cotia”, explica o empresário. Hoje, a produção de Trebeschi responde por 60% do total das cerca de 75 mil toneladas de tomates vendidas por ano pela Trebeschi em todo o País e exportadas para Argentina, Chile e Uruguai. Com unidades em Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina, a empresa consegue colher as variedades o ano inteiro graças aos climas distintos nas três regiões. “Isso é uma vantagem competitiva e tanto”, afirma Trebeschi. No portfólio, além do sweet grape, há também os tomates nas variedades italiano, caqui e longa vida, esta última responsável por cerca de 80% do total de vendas. Além de investir na expansão do mercado de tomates especiais, incluindo uma linha do sweet grape com rótulo especial da marca Turma da Mônica, que será lançada em março, ele planeja mais. “Queremos investir na diversidade de hortaliças, no tomate ramado e até na comercialização de frutas.”

75 mil toneladas foi o volume comercializado pela empresa de tomates em 2010.

Diferentemente do tomate convencional, o sweet grape precisa ser necessariamente produzido em estufa, onde cada planta fica dentro de um vaso, longe do contato com o solo. Isso faz com que o controle nutricional e de eventuais doenças, além do rastreamento, seja mais rigoroso, já que a alimentação das plantas e a dosagem de água são feitas por gotejamento. “Procuramos manter a mesma qualidade em todo o País, pois o sistema de produção e os padrões são os mesmos para todas as regiões.” Para manter o controle de qualidade, o custo de produção desse tomate acaba sendo mais elevado em comparação com o dos demais. “O valor gasto para cultivar um hectare de tomate é o mesmo gasto para o cultivo de 35 hectares de soja”, compara Edson, que contabiliza 30 estufas para a produção, entre próprias e de parceiros, e uma produção de aproximadamente 750 toneladas dessa variedade, já que cada pé produz em média entre oito e dez quilos.

Do menor para o maior: a máquina separa os tomates em grupo, de acordo com o tamanho

Seleção rigorosa: ao chegarem na fábrica, os frutos são lavados e selecionados. Os que não se enquadram nos padrões de qualidade são descartados

Para cada quilo do tomate produzido, são investidos cerca de R$ 2,60, enquanto o custo do convencional gira entre R$ 0,80 e R$ 1 o quilo, segundo a Sakata Seed, dona da variedade. Em média, o produtor recebe R$ 4,05 por cada quilo vendido ou R$ 0,73 por 180 gramas. O valor de venda mais elevado que o do tomate convencional se explica pelo trabalho manual de colheita e seleção. As plantas demoram 100 dias para dar frutos e são colhidas durante seis meses. Na fábrica, os funcionários retiram os frutos batidos ou rachados. Depois de higienizados e separados por tamanho, eles passam por uma máquina com capacidade para fazer diariamente cinco mil embalagens de 180 gramas. Cada uma delas é vendida ao varejo por cerca de R$ 2. Nas prateleiras dos supermercados, a embalagem com o mesmo peso está disponível ao consumidor a partir de R$ 3.

No berçário: nas estufas, os pés plantados em vasos produzem cerca de 6 meses seguidos. A aposta no pequeno, porém promissor fruto começou há três anos, quando o grupo japonês Sakata Seed trouxe para o País a exclusiva genética do tomate-uva, batizado de sweet grape. A empresa, especializada em desenvolver produtos com sementes e variedades diferenciadas de hortaliças e flores, conseguiu, depois de sete anos de pesquisas, produzir um fruto com menor acidez e sabor mais adocicado do que o das variedades comuns. “Utilizamos técnicas convencionais de melhoramento; não se trata de transgênico” explica Saulo Onoda, gerente de negócios da Sakata. No Brasil, a Sakata selecionou quem seriam os produtores a cultivá-lo. “Fomos um dos primeiros parceiros”, relembra Trebeschi. Segundo Onoda, hoje são cerca de 200 produtores no Brasil e dez comercializadores autorizados, entre eles a Trebeschi. Neste ano, Onoda estima um crescimento de 30% no consumo nacional. “A demanda é grande, mas queremos crescer de forma a garantir a qualidade e segurança alimentar do produto”, explica.

Rapidinho: em um dia, a máquina produz 5 mil embalagens de 180 gramas de tomates

No ponto: as embalagens plásticas, colocadas em caixas recicláveis são transportadas até os clientes

Pequeno tomate, grande potencial

Conheça as características do mercado da variedade sweet grape e os principais atributos da fruta

  • Mercados: Japão, Estados Unidos, Europa e Brasil
  • Estima-se que o consumo no Brasil cresça 30% em 2011
  • São Paulo é o Estado pioneiro e com maior produção
  • Potencial produtivo: colheita média de dez quilos por pé
  • Rico em vitaminas A e C, ferro, ácido fólico e potássio
  • Menor acidez que o tomate convencional
  • Cada fruto pesa entre 10 e 20 gramas
Fonte: Dinheiro Rural



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